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APOCALÍPTICOS E INTEGRADOS DE UMBERTO ECO

João Canza
Segundo Umberto Eco, apocalípticos (são aqueles que condenam os meios de comunicação de massa).  Integrados (aqueles que os absolvem). Entre os motivos para condenar os mdcm, segundo os "apocalípticos", estariam: a veiculação que eles realizam de uma cultura homogênea (que desconsidera diferenças culturais e padroniza o público); o seu desestímulo à sensibilidade; o estímulo publicitário (criando, junto ao público, novas necessidades de consumo); a sua definição como simples lazer e entretenimento, desestimulando o público a pensar, tornando-o passivo e conformista. Nesse sentido, os mdcm seriam usados para fins de controle e manutenção da sociedade capitalista.  No entanto, entre os motivos para absolver os mdcm, apontados pelos "integrados" estariam: serem os mdcm a única fonte de informação possível a uma parcela da população que sempre esteve distante das informações; as informações veiculadas por eles poderem contribuir para a própria formação intelectual do público; a padronização de gosto gerada por eles funcionar como um elemento unificador das sensibilidades dos diferentes grupos. Nesse sentido, os mdcm não seriam característicos apenas da sociedade capitalista, mas de toda sociedade democrática.
a.    Eco acredita que não se pode pensar a sociedade moderna sem os mdcm, sua preocupação é descobrir que tipo de ação cultural deve ser estimulado para que os mdcm realmente veiculem valores culturais num determinado contexto históricos. Pois não é pelo fato de veicular produtos culturais que a cultura de massa deva ser considerada naturalmente boa, como querem os "integrados".
b.    Eco critica as duas concepções. Os "apocalípticos" estariam equivocados por considerarem a cultura de massa ruim simplesmente por seu caráter industrial. Os "integrados", por sua vez, estariam errados por esquecerem que normalmente a cultura de massa é produzida por grupos de poder econômico com fins lucrativos, o que significa a tentativa de manutenção dos interesses desses grupos através dos próprios mdcm.
c.    Eco chama a atenção de que devemos pensar nas condições de fato e que operamos em e para um mundo construído na medida humana.
“O universo das comunicações de massa é o nosso universo, e se quisermos falar de valores, as condições objetivas das comunicações são aquelas fornecidas pela existência dos jornais, do rádio, da televisão, da música reproduzível, das novas formas de comunicação visível e auditiva”. O uso indiscriminado do conceito de Indústria Cultural implica na incapacidade de aceitar esses eventos históricos, e a perspectiva de uma humanidade que saiba operar sobre a história. Colocar-se em relação dialética, ativa e consciente com os condicionamentos da indústria cultural tornou-se o único caminho para o operador de cultura cumprir sua função.

Para Eco, não se pode ignorar que a sociedade atual é industrial e que as questões culturais têm que ser pensadas a partir dessa constatação.“O sistema de condicionamentos denominado indústria cultural não apresenta a cômoda possibilidade de dois níveis independentes, um de CM e outro da elaboração aristocrática que a precede sem ser por ela condicionada. A Indústria cultural  estabelece uma rede de condicionamentos recíprocos.

Fonte: Wikipédia