João Canza
Os olimpianos “celebridades” termo usado pelo sociólogo francês Edgar Morin, ao analisar a indústria cultural onipresente na mídia contemporânea, cujas características “o distinguem dos demais mortais”.
Os olimpianos visam acima de tudo, induzir o consumo em grande escala, da cultura de massa. Símbolo (sobre humano) da grande mídia, eles ditam normas de consumo e servem de modelo de vida a seguir pelo público consumidor. O culto aos olimpianos nasce do imaginário, dos papéis assumidos por eles na ficção, da posição que eles ocupam em função de algum trabalho ou de algum feito heróico. Eles se tornam modelos de vida, mitos de auto-realização da vida privada, e se beneficiam com isso. Em razão disso, tudo que gira em torno dos “deuses do Olimpio” é considerado fato relevante para ser levado ao conhecimento público.
Os olimpianos realizam tudo aquilo que os mortais desejam fazer. A eficácia com que o espetáculo cinematográfico beneficia as estrelas faz com que elas se tornem os grandes modelos que trazem a cultura de massa para a população, substituindo com isso os modelos antigos, como pais e professores. A maneira como os olimpianos agem, as palavras, gestos, penteados, as relações amorosas, são assimiladas pelos expectadores. Eles sofrem do complexo de Peter Pan, pois querem estar sempre jovens e bonitos. Com isso, a publicidade se utiliza das estrelas como modelo de perfeição e converte-os em melhores garotos propaganda da mídia.
As estrelas dominam a cultura de massa, e com ela, se comunica com a humanidade. O mundo da projeção (ato através do qual um sujeito une e localiza um fato psicológico interno a algo exterior) e da identificação (ato através do qual o sujeito tende a identificar-se com algo que lhe é externo, sejam pessoas ou coisas), com o real faz com que a circulação entre a divindade e o ser humano dos deuses do Olimpio seja permanente. Assim, as estrelas vivem uma vida de luxo, amor, sedução, e passam a imagem da “verdadeira felicidade”. Os olimpianos estão presentes em todos os setores da cultura de massa.
“No encontro do ímpeto do imaginário para o real e do real para o imaginário, situam-se as vedetes da grande imprensa, os ‘olimpianos’ modernos”. Tendência forte e especial da cultura de massa o “olimpianismo”, ou seja, a promoção de indivíduos a heróis, vedetes, um misto de humano e sobre-humano. Conforme os termos de Morin, os “olimpianos são sobre-humanos no papel que eles encarnam, humanos na existência privada que eles levam. A imprensa de massa, ao mesmo tempo que investe os olimpianos de um papel mitológico, mergulha em suas vidas privadas a fim de extrair delas a substância humana que permite a identificação”. Isso faz, com que a relação existente entre eles e o público consumidor seja mais intensa.
A cultura de massa produz seus heróis, seus semideuses e se fundamenta no espetáculo e na estética.
Morin, Edgar: Os olimpianos,1997.
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